SÍNTESE
Ana Freud (1895-1982), filha caçula de Martha e Sigmund Freud,
iniciou sua vida profissional como professora primária. Foi pioneira
no desenvolvimento na psicanálise de crianças, cujo trabalho
teórico (1923), examinava as funções que o Ego desempenha no
sentido de tornar tolerável a intensidade da ansiedade despertada
por ideias e sentimentos penosos. Publicou Introdução à Técnica
da Análise Infantil (1927), O Ego e os mecanismos de defesa
(1936) e o Estudo Psicanalítico da Criança (1945), A
Infância normal e patológica (1965).
Para Anna, a educação deveria trabalhar com a análise e a
educação: quando, ao mesmo tempo deveria, permitir e proibir,
liberar e controlar, ações essas contraditórias entre análise e
educação. Orienta que pais e professores deveriam se ocupar de
educar as crianças, quanto a satisfação imediata de seus desejos;
mas ressalta que esses em função das muitas exigências, tornam a
criança neurótica.
Segundo Anna Freud, os professores não deveriam seguir um modelo na
educação das crianças, mas que ao contrário disso deveriam
incentivá-las à autonomia e a criatividade.
Quanto a socialização da criança, à escola com relação às
normas escolares não presta atenção as suas diferenças
individuais, pois classificam-as de acordo com a idade, e em função
disso espera à escola que os alunos, aceitem as normas comuns a
todos os estudantes, assim, sacrificando sua personalidade.
Relativizando a transição família/escola, devem os educadores
compreenderem as dificuldades dessa passagem, face à posição
dessas na família, quando os pais às compreendem em função de sua
personalidade; quando na escola essas devem obedecer normas comuns à
todas as outras crianças.
Gordon Alport (1897-1967), diferenciou-se de Freud e de outros
pós-freudianos, por sua vida familiar que foi cheia de afeição e
confiança, e também por nunca ter sido psicanalisado e tampouco
praticou privadamente à psicanalise, seus estudos foram de cunho
acadêmico.
Comportamento expressivo, isto é, as expressões faciais, inflexões
vocais, gestos e maneiras de agir, seriam vistos como indicadores de
personalidade, resultado de sua mais notável pesquisa. Desenvolveu
também, testes psicológicos e o Estudo de Valores, esses utilizados
na avaliação de pesquisas, no aconselhamento e na seleção de
pessoal.
Impulsionado pela suspeita de que a psicanálise desmerecia o estudo
do consciente, levou-o à construir uma teoria da personalidade
diferente da freudiana, a qual minimizava o papel do inconsciente em
adultos normais, e que esse funcionava mais de forma racional e
consciente, quando discorria que os neuróticos é quem seriam
influenciados pelo inconsciente mais significativamente.
Argumentava que somos muito mais influenciados pelas experiências
presentes e pela esperança no futuro, e não que as experiências
infantis, gerassem os conflitos na idade adulta.
Acreditava que o estudo da personalidade, deveria ocorrer com
adultos normais e não em neuróticos, e que não haveriam
semelhanças entre esses, sendo assim, defendia que não haveriam
leis universais que fossem aplicadas a todos.
Com relação à personalidade, dizia que essa nos sujeitos é
aberta, isto é, recebe e influencia. Defendia que a personalidade é
o que a pessoa realmente é, independentemente como os outros a
percebam, e que essa muda com o tempo, e seu comportamento muda de
acordo com a situação em que o sujeito se encontra.
Interpretava o “eu”, como aquilo próprio da pessoa, aquilo que
pertence a nós mesmos, aquilo que nos faz diferentes dos outros: o
propium. Defendia, que o
propium, através de
sete estágios, que estão entre a infância e adolescência, e que
esses são movidos de acordo com relacionamentos sociais,
principalmente com a mãe e não psicossociais, contrariamente ao que
defendia Freud. Os estágios do proprium, e
seus aspectos funcionais, seriam: percepção do corpo,
auto-identidade, valorização do eu e extensão do eu, atividade
racional, auto-imagem, esforços do eu e a função do conhecer.
Henry Murray (1893-1988)
Freudiano, criou um sistema chamado Personologia, não clinicou, e
investigou os sujeitos ditos normais; em Jung, acreditava que o
inconsciente poderia fornecer respostas aos problemas da vida.
Estabeleceu um programa ao escritório hoje denominado CIA, quando
observava os candidatos em situações concretas de tensão, servindo
também esse estudo na seleção de candidatos à cargos executivos
ao ingresso na iniciativa privada e/ou governamentais.
Concordava com Freud, quanto ao desenvolvimento da personalidade,
que ocorreria por estágios psicossexuais, que os classificava da
seguinte maneira: existência segura no interior do útero; jubilo
sensual da criança no ato de sugar; prazer resultante da defecção;
prazer no ato de urinar e prazeres genitais.
A teoria de Murray é embasada na motivação do ser humano e pela
classificação de suas necessidades, que para ele envolvem uma força
química no cérebro que organiza o funcionamento intelectual e
perceptivo, ainda para ele, as necessidades humanas só podem ser
reduzidas pela satisfação dessas necessidades, quando o organismo
encontra-se sobre tensão.
Para Henry Murray, a necessidade decide formas comportamentais,
sendo o impulso, essa forma. Criou uma verdadeira taxionomia da
necessidade, através de supostas vinte necessidades, que segundo
Hall e Lindzey, podem ser: necessidade de realização, humilhação,
afiliação, agressão, autonomia, defesa, deferência, necessidade
física e psíquica de auto-defesa, exibição, altruísmo, ordem,
entretenimento, rejeição, sensitividade, sexo, apoio e compreensão.
Erik Erikson (1902 – 1994)
Ampliou a teoria do desenvolvimento de Freud, sobre as implicações
sociais e psicológicas que abrange os anos adultos, pois segundo
Erikson, a personalidade se forma por estágios ao decorrer da vida,
e a cada estágio o indivíduo passa por conflitos que estão sempre
presentes na vida, conflitos esses que deverá enfrentar e resolver,
sendo que há sempre uma solução positiva ou negativa quanto à
resolução de cada problema e discorre que a solução de cada
conflito, depende da solução dos anteriores que podem ser reparados
em estágios posteriores.
Para Erikson, todos os humanos tem as mesmas necessidades básicas,
e que a sociedade deve tentar satisfazê-las, diante disso, propõe
uma cultura psicossocial do desenvolvimento.
Quanto a esses estágios, ele enumera como as oito idades do homem,
quais sejam: Confiança básica versus desconfiança básica;
Autonomia versus vergonha/dúvida; Iniciativa versos culpa; Esforço
versus inferioridade; Identidade versus confusão de papéis;
Identidade versus isolamento; Produtividade versus estagnação;
Integridade do Ego versus desespero.
Quanto às contribuições à educação, ele discorre quanto aos
anos da Pré-escola, quando cita que as crianças passam pelo
conflito entre confiança e desconfiança; vergonha e dúvida, e que
no período de vida do terceiro ao quarto ano, podem ser
desenvolvidos nesses à autonomia e ao contrário pode acontecer que
elas venham à desenvolver sentimentos de culpa, quando os pais forem
impacientes e punitivos.
Quanto ao período escolar, referentes às primeiras séries do
Ensino Fundamental, à criança passa pelo estágio Esforço versus
inferioridade, que segundo Woolfolk (2000), aconteceria a relação
entre a perseverança e o prazer de uma atividade completada, quando
sugere ações no sentido de encorajar os alunos a não desenvolverem
sentimentos de inferioridade e orienta também ações no sentido
dessas conseguirem diligência em suas atividade.
Com relação à adolescência, período em que o
indivíduo desenvolve uma identidade, esse passa pelo conflito entre
identidade versus confusão de papéis que pode ocorrer, quando não
conseguem integrar papeis e escolhas com relação à trabalho, a
valores, ideologias e compromissos com pessoas e ideias.
Jacques Lacan (1901 – 1981), ingressa na medicina em
1919, defende a tese: Da psicose paranoica em suas relações com
a personalidade em 1932. Em 1936, apresenta a comunicação
científica o Estádio do Espelho:”...transformação
produzida no sujeito quando ele assume uma imagem...”. Sua
técnica de sessões curtas, gera controvérsias na sociedade
psicanalítica, quando apresentada em 1951. Em 1953, realiza
conferências, destacando-se: “O real, o simbólico e o
imaginário” e “Função e
campo da palavra e da linguagem em Psicanálise”.
Lacan volta à Freud, quando redefini o vocabulário
psicanalítico, pois Lacan buscou na língua sua teoria sobre o
inconsciente.
Para Lacan, o desenvolvimento do ser humano é pontuado
por identificação de ideias, em que são inscritos o imaginário,
que envolve uma angústia característica, chamada de estado de
desamparo.
A constituição do Eu, dá-se num tempo anterior ao
estádio do espelho, no qual a criança vivencia seu corpo como algo
disperso, fragmentado.
O estádio do espelho, acontece sobre uma experiência
de identificação, quando à criança conquista a imagem do próprio
corpo, entre os seis e dezoito meses de idade, sendo que essa
conquista se refere ao reconhecimento de sua imagem e ao interessa
por ela, o infante passa a se interessar por ela.
Segundo a autora, Lacan estabelece dois sujeitos, o do
inconsciente e o da linguagem, sendo que o primeiro esta ligado ao
desejo e o segundo que fala, sendo que através da fala, segundo
Lacan, é que se desenvolve o desejo pela palavra, surgindo então
como simbolismo.
Orienta a autora em lacan, que como educadores devemos
despertar o desejo de conhecer os outros, a nós mesmos e o
conhecimento científico, pois assim construímos novos conhecimentos
através dos desejos, e da superação de limites.
Maud Manonni ( 1923-1998)
Propôs a anti-psiquiatria, uma vez que o tratamento
pela psicanálise clássica de crianças psicóticas e/ou autistas,
não apresentariam resultados favoráveis quanto ao processo
educacional.
Para Manonni, a psicanálise era ineficiente nas
escolas, pois através da transmissão de processos psicanalíticos
aos docentes, esses muitas vezes poderiam dificultar o
desenvolvimento pedagógico das crianças. Mas, a despeito desse
pensamento em Manonni, princípios e conceitos psicanalíticos nas
escolas são constantes, tanto na formação, quanto em atividades
docentes.
Em
Manonni, alguns princípios psicanalíticos, relevantes a ação
pedagógica junto a crianças com transtorno global do
desenvolvimento: da alternância, isto é,
quando a criança deveria ser exposta a diversas mudanças de lugares
em sua vida cotidiana. No Brasil, esse princípio é aplicado na
Pré-Escola Terapêutica da Vida, vinculada à USP; troca
intercultural: diversidade de culturas, posturas, histórias
provindas de estagiários e modo de análise individual das crianças,
que deveria acontecer,
fora da Escola, para não ocorrer confusão quanto ao analista fazer
parte ou não, dessa instituição, pois esse poderia desconsiderar
as questões pedagógicas presentes em conflitos das crianças.
REFERÊNCIAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Centro de
Educação. Psicologia da Educação II. Santa Maria, 2005. Unidade
C, P 29-60.