sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Multiculturalismo

     O multiculturalismo falseia na busca por levantar bandeiras contra a homogenização, quando tenta tratar todas as culturas por um padrão universal, considerando as diferenças como identidades fechadas (indígenas, afro-descentes, surdos, etc), assim, excluindo possibilidades de produção de identidades plurais, por esse viés tornando-se conservador.
     O paradoxo entre o multiculturalismo e diferença, pode significar apenas à criação ou o incremento de políticas, quando os indivíduos (os outros), são meramente, incorporados, convocados para serem consumidos e/ou consumirem, e o tipo de violência imposta a esses outros, para que vivam essa ilusão de aceitos, pode ser exemplificada “do andar na moda”. O diferente é aceito quando é normalizado, ou quando pode ser incluído através de políticas.

Multiculturalismo Crítico ou Revolucionário
     Para discutirmos a inclusão de pessoas com alguma deficiência, podemos discutir o multiculturalismo Crítico, uma vez que as outras formas, não contemplam as formas de poder, os privilégios, a hierarquia das opressões e os movimentos de resistência e não chamam atenção para o papel que a língua e que as representações desempenham na construção de significados e identidades, não reconhece a cultura como não-conflitiva, harmoniosa e consensual, isto é, não reconhece os conflitos culturais, não reconhece também a harmonia e o consenso culturais.
     As outras formas de multiculturalismo, também, não concebem que a diferença é um produto da história, da ideologia e do poder, que segundo Silva (1999)” ...obrigaram diferentes culturas...a viverem no mesmo espaço”.
     Para corroborar essa discussão com vistas a inclusão de indivíduos com deficiência, segundo o autor, as ideias do multiculturalismo crítico nos orientam à produção do conceito de diferença e não de deficiência, assim nos distanciando da diferença como exclusão, da marginalização dos considerados como os “outros”.
Por esse contexto, diferença, relacionada à educação especial, no caso de um surdo, o sujeito não é excluído pelo fato de não ouvir, não trata-se de uma oposição, pois o fato do indivíduo ser surdo não o modifica com relação a essa deficiência, podemos pensar que esse é excluído por conta do sujeito ser diferente, que pode acontecer por conta de ideologias, de relações de poder, etc.
     As outras formas de multiculturalismo, pelo nosso exemplo, vê a surdez como uma falha, que é tratada como essência, desconhecendo à história, a cultura e as relações de poder, que excluem esses indivíduos, portanto e segundo Ebert (apud MACLAREN, 1997):”...as diferenças são construções históricas.”

CULTURA NACIONAL
     Nas sociedades modernas, as culturas nacionais se constituem em um dos principais elementos de identificação. Quando nos definimos fazemos uma ligação com nossa nacionalidade: somos brasileiros, por exemplo. Mas isso não quer dizer, que uma identidade nacional seja algo biológico, que tenhamos nascido com isso. Quando dizemos sou brasileiro, isso é uma representação de significados atribuídos à cultura brasileira.
     Cultura nacional, é uma composição de símbolos, representações e instituições; nada mais é do que um discurso veiculado pela linguagem.
Para Hall, as identidades são construídas quando fazem sentido pelos quais podemos nos identificar, formando-se assim as identidades culturais.
     Para entendermos como funciona uma identidade cultural, dependemos da narrativa dessa cultura nacional e de alguns elementos, que constituem esse sistema de representação: como a forma pela qual é contada e recontada, e através das origens, continuidade, tradição.
     A problemática que se apresenta, é que os indivíduos são aprisionados numa identidade cultural, mas que em nome desse sentimento de pertencer à uma nação, os sujeitos precisam ser normalizados, quando suas identidades e diferenças são fixadas e unificadas,
     As identidades e diferenças são produzidas por discursos, através das relações de poder, isto é, quando o desejo de um depende da vontade do outro1, ou seja, as identidades são negociadas entre seus componentes, segundo a experiência de cada um, sendo assim, as identidades e as diferenças não são produzidas naturalmente, mas são resultados das relações sociais, entre os indivíduos.
Por exemplo, no caso das comunidades surdas, o respeito devido a elas, deve passar por uma negociação, para serem vistas como uma identidade diferente e não como deficientes, para que sobrevivam culturalmente, observando-se também essa problemática à outros grupos, como ainda por exemplo, no caso dos homossexuais, paralisados cerebrais, etc.

Identidade e cultura na sociedade moderna
     As diferenças na sociedade moderna, podem ser somente um discurso à normalização, retóricas, isto é, bons discursos, quanto à educação das pessoas com necessidades educacionais especiais, uma vez que diferença/diversidade, nada mais é que o estabelecimento de fronteiras, astúcias, à fim de corrigir os ditos anormais dos normais, segundo BAUMAN (1998).
     Para tanto à escola, quanto à produção das diferenças e das identidades culturais, tratar as questões do outro além de atitudes benevolentes e solidárias, ir além das normas, onde não há espaço para o “selvagem”, onde o que esta fora do “normal” incomoda, visto que as diferenças são construções históricas, sociais e políticas, que segundo Skliar (1999), diferenças são sempre diferenças, que dentro de uma cultura são definidas por diferenças políticas, daí que algumas politicas, se afastam de algo que esta em ação, que produz, que se recusa à fundir-se com o idêntico, que se recusa aos modismos, da sociedade moderna.

1http://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_de_poder

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