sexta-feira, 31 de outubro de 2014

AUTORES QUE CONVERGIRAM COM AS IDEIAS DE FREUD

SÍNTESE
Ana Freud (1895-1982), filha caçula de Martha e Sigmund Freud, iniciou sua vida profissional como professora primária. Foi pioneira no desenvolvimento na psicanálise de crianças, cujo trabalho teórico (1923), examinava as funções que o Ego desempenha no sentido de tornar tolerável a intensidade da ansiedade despertada por ideias e sentimentos penosos. Publicou Introdução à Técnica da Análise Infantil (1927), O Ego e os mecanismos de defesa (1936) e o Estudo Psicanalítico da Criança (1945), A Infância normal e patológica (1965).
Para Anna, a educação deveria trabalhar com a análise e a educação: quando, ao mesmo tempo deveria, permitir e proibir, liberar e controlar, ações essas contraditórias entre análise e educação. Orienta que pais e professores deveriam se ocupar de educar as crianças, quanto a satisfação imediata de seus desejos; mas ressalta que esses em função das muitas exigências, tornam a criança neurótica.
Segundo Anna Freud, os professores não deveriam seguir um modelo na educação das crianças, mas que ao contrário disso deveriam incentivá-las à autonomia e a criatividade.
Quanto a socialização da criança, à escola com relação às normas escolares não presta atenção as suas diferenças individuais, pois classificam-as de acordo com a idade, e em função disso espera à escola que os alunos, aceitem as normas comuns a todos os estudantes, assim, sacrificando sua personalidade.
Relativizando a transição família/escola, devem os educadores compreenderem as dificuldades dessa passagem, face à posição dessas na família, quando os pais às compreendem em função de sua personalidade; quando na escola essas devem obedecer normas comuns à todas as outras crianças.

Gordon Alport (1897-1967), diferenciou-se de Freud e de outros pós-freudianos, por sua vida familiar que foi cheia de afeição e confiança, e também por nunca ter sido psicanalisado e tampouco praticou privadamente à psicanalise, seus estudos foram de cunho acadêmico.
Comportamento expressivo, isto é, as expressões faciais, inflexões vocais, gestos e maneiras de agir, seriam vistos como indicadores de personalidade, resultado de sua mais notável pesquisa. Desenvolveu também, testes psicológicos e o Estudo de Valores, esses utilizados na avaliação de pesquisas, no aconselhamento e na seleção de pessoal.
Impulsionado pela suspeita de que a psicanálise desmerecia o estudo do consciente, levou-o à construir uma teoria da personalidade diferente da freudiana, a qual minimizava o papel do inconsciente em adultos normais, e que esse funcionava mais de forma racional e consciente, quando discorria que os neuróticos é quem seriam influenciados pelo inconsciente mais significativamente.
Argumentava que somos muito mais influenciados pelas experiências presentes e pela esperança no futuro, e não que as experiências infantis, gerassem os conflitos na idade adulta.
Acreditava que o estudo da personalidade, deveria ocorrer com adultos normais e não em neuróticos, e que não haveriam semelhanças entre esses, sendo assim, defendia que não haveriam leis universais que fossem aplicadas a todos.
Com relação à personalidade, dizia que essa nos sujeitos é aberta, isto é, recebe e influencia. Defendia que a personalidade é o que a pessoa realmente é, independentemente como os outros a percebam, e que essa muda com o tempo, e seu comportamento muda de acordo com a situação em que o sujeito se encontra.
Interpretava o “eu”, como aquilo próprio da pessoa, aquilo que pertence a nós mesmos, aquilo que nos faz diferentes dos outros: o propium. Defendia, que o propium, através de sete estágios, que estão entre a infância e adolescência, e que esses são movidos de acordo com relacionamentos sociais, principalmente com a mãe e não psicossociais, contrariamente ao que defendia Freud. Os estágios do proprium, e seus aspectos funcionais, seriam: percepção do corpo, auto-identidade, valorização do eu e extensão do eu, atividade racional, auto-imagem, esforços do eu e a função do conhecer.

Henry Murray (1893-1988)
Freudiano, criou um sistema chamado Personologia, não clinicou, e investigou os sujeitos ditos normais; em Jung, acreditava que o inconsciente poderia fornecer respostas aos problemas da vida.
Estabeleceu um programa ao escritório hoje denominado CIA, quando observava os candidatos em situações concretas de tensão, servindo também esse estudo na seleção de candidatos à cargos executivos ao ingresso na iniciativa privada e/ou governamentais.
Concordava com Freud, quanto ao desenvolvimento da personalidade, que ocorreria por estágios psicossexuais, que os classificava da seguinte maneira: existência segura no interior do útero; jubilo sensual da criança no ato de sugar; prazer resultante da defecção; prazer no ato de urinar e prazeres genitais.
A teoria de Murray é embasada na motivação do ser humano e pela classificação de suas necessidades, que para ele envolvem uma força química no cérebro que organiza o funcionamento intelectual e perceptivo, ainda para ele, as necessidades humanas só podem ser reduzidas pela satisfação dessas necessidades, quando o organismo encontra-se sobre tensão.
Para Henry Murray, a necessidade decide formas comportamentais, sendo o impulso, essa forma. Criou uma verdadeira taxionomia da necessidade, através de supostas vinte necessidades, que segundo Hall e Lindzey, podem ser: necessidade de realização, humilhação, afiliação, agressão, autonomia, defesa, deferência, necessidade física e psíquica de auto-defesa, exibição, altruísmo, ordem, entretenimento, rejeição, sensitividade, sexo, apoio e compreensão.

Erik Erikson (1902 – 1994)
Ampliou a teoria do desenvolvimento de Freud, sobre as implicações sociais e psicológicas que abrange os anos adultos, pois segundo Erikson, a personalidade se forma por estágios ao decorrer da vida, e a cada estágio o indivíduo passa por conflitos que estão sempre presentes na vida, conflitos esses que deverá enfrentar e resolver, sendo que há sempre uma solução positiva ou negativa quanto à resolução de cada problema e discorre que a solução de cada conflito, depende da solução dos anteriores que podem ser reparados em estágios posteriores.
Para Erikson, todos os humanos tem as mesmas necessidades básicas, e que a sociedade deve tentar satisfazê-las, diante disso, propõe uma cultura psicossocial do desenvolvimento.
Quanto a esses estágios, ele enumera como as oito idades do homem, quais sejam: Confiança básica versus desconfiança básica; Autonomia versus vergonha/dúvida; Iniciativa versos culpa; Esforço versus inferioridade; Identidade versus confusão de papéis; Identidade versus isolamento; Produtividade versus estagnação; Integridade do Ego versus desespero.
Quanto às contribuições à educação, ele discorre quanto aos anos da Pré-escola, quando cita que as crianças passam pelo conflito entre confiança e desconfiança; vergonha e dúvida, e que no período de vida do terceiro ao quarto ano, podem ser desenvolvidos nesses à autonomia e ao contrário pode acontecer que elas venham à desenvolver sentimentos de culpa, quando os pais forem impacientes e punitivos.
Quanto ao período escolar, referentes às primeiras séries do Ensino Fundamental, à criança passa pelo estágio Esforço versus inferioridade, que segundo Woolfolk (2000), aconteceria a relação entre a perseverança e o prazer de uma atividade completada, quando sugere ações no sentido de encorajar os alunos a não desenvolverem sentimentos de inferioridade e orienta também ações no sentido dessas conseguirem diligência em suas atividade.
Com relação à adolescência, período em que o indivíduo desenvolve uma identidade, esse passa pelo conflito entre identidade versus confusão de papéis que pode ocorrer, quando não conseguem integrar papeis e escolhas com relação à trabalho, a valores, ideologias e compromissos com pessoas e ideias.

Jacques Lacan (1901 – 1981), ingressa na medicina em 1919, defende a tese: Da psicose paranoica em suas relações com a personalidade em 1932. Em 1936, apresenta a comunicação científica o Estádio do Espelho1:”...transformação produzida no sujeito quando ele assume uma imagem...”. Sua técnica de sessões curtas, gera controvérsias na sociedade psicanalítica, quando apresentada em 1951. Em 1953, realiza conferências, destacando-se: “O real, o simbólico e o imaginário” e “Função e campo da palavra e da linguagem em Psicanálise”.
Lacan volta à Freud, quando redefini o vocabulário psicanalítico, pois Lacan buscou na língua sua teoria sobre o inconsciente2.
Para Lacan, o desenvolvimento do ser humano é pontuado por identificação de ideias, em que são inscritos o imaginário, que envolve uma angústia característica, chamada de estado de desamparo.
A constituição do Eu, dá-se num tempo anterior ao estádio do espelho, no qual a criança vivencia seu corpo como algo disperso, fragmentado.
O estádio do espelho, acontece sobre uma experiência de identificação, quando à criança conquista a imagem do próprio corpo, entre os seis e dezoito meses de idade, sendo que essa conquista se refere ao reconhecimento de sua imagem e ao interessa por ela, o infante passa a se interessar por ela.
Segundo a autora, Lacan estabelece dois sujeitos, o do inconsciente e o da linguagem, sendo que o primeiro esta ligado ao desejo e o segundo que fala, sendo que através da fala, segundo Lacan, é que se desenvolve o desejo pela palavra, surgindo então como simbolismo.
Orienta a autora em lacan, que como educadores devemos despertar o desejo de conhecer os outros, a nós mesmos e o conhecimento científico, pois assim construímos novos conhecimentos através dos desejos, e da superação de limites.
Maud Manonni ( 1923-1998)
Propôs a anti-psiquiatria, uma vez que o tratamento pela psicanálise clássica de crianças psicóticas e/ou autistas, não apresentariam resultados favoráveis quanto ao processo educacional.
Para Manonni, a psicanálise era ineficiente nas escolas, pois através da transmissão de processos psicanalíticos aos docentes, esses muitas vezes poderiam dificultar o desenvolvimento pedagógico das crianças. Mas, a despeito desse pensamento em Manonni, princípios e conceitos psicanalíticos nas escolas são constantes, tanto na formação, quanto em atividades docentes.
Em Manonni, alguns princípios psicanalíticos, relevantes a ação pedagógica junto a crianças com transtorno global do desenvolvimento: da alternância, isto é, quando a criança deveria ser exposta a diversas mudanças de lugares em sua vida cotidiana. No Brasil, esse princípio é aplicado na Pré-Escola Terapêutica da Vida, vinculada à USP; troca intercultural: diversidade de culturas, posturas, histórias provindas de estagiários e modo de análise individual das crianças, que deveria acontecer, fora da Escola, para não ocorrer confusão quanto ao analista fazer parte ou não, dessa instituição, pois esse poderia desconsiderar as questões pedagógicas presentes em conflitos das crianças.

REFERÊNCIAS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. Centro de Educação. Psicologia da Educação II. Santa Maria, 2005. Unidade C, P 29-60.
1http://www.bsfreud.com/jlestadioespelho.html

2http://revistaescola.abril.com.br/formacao/analista-linguagem-423050.shtml

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