quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Resenha: Os dez mandamentos da observação participante

     Segundo a autora, “Os mandamentos” tratam da prática de trabalho de campo, importante para àqueles que pretendem fazer estudos sociais qualitativos, em comunidades informais e/ou formais.
     O livro: Sociedade de esquina: a estrutura de uma área urbana pobre e degradada, obra sobre o qual a pesquisadora discorre, é um estudo urbano de uma região da cidade de Boston, à época de 1930, cidade essa onde morava o autor Willian Foote Whyte, que aborda a organização de grupos de pessoas em desorganização social.
     Para realizar à obra, o autor muda-se para o bairro italiano que nomeou de Cornerville, quando percebe que é necessário também contar com um mediador, indivíduo que poderá lhe garantir acesso à comunidade que pretende estudar, ação essa que pode tornar-se necessária, visto acontecimentos com integrantes do bairro, pois esse intermediário poderá protegê-lo contra situações imprevisíveis.
Licia Valladares, professora de Sociologia da Universidade de Lille 1 (França), chega a compreensão, sobre o que seriam: Os dez mandamentos da observação participante, da obra Sociedade de esquina: a estrutura social de uma área urbana pobre e degradada, que tentamos dissertar à seguir.
     A pesquisadora compreende da leitura, que a observação participante, é um processo longo, e para entender o comportamento de grupos ou pessoas, pode ser necessário fazer uma exploração anterior do ambiente, pois a estrutura social de poder do território é desconhecida, podendo ser necessário meses para que o pesquisador entre na área, onde pretende desenvolver seu trabalho.
     Esse tipo de observação, depende da interação do investigador da pesquisa social, qualitativa, com o e/ou membros da comunidade, mas seu comportamento não deverá ter o intuito de tentar portar-se como membro oriundo daquele espaço social, atitude essa que poderá gerar desconfianças; pois indivíduos daquela área, desconhecem sua imagem junto ao grupo pesquisado. Os pesquisados devem saber das intenções do pesquisador, pois segundo a leitura feita pela professora Licia Valladares, o pesquisador não deve enganar os outros, visto perceberem que esse é um indivíduo diferente naquele ambiente.
     Para essa empreitada, como já comentamos anteriormente, o pesquisador não deve carecer de um indivíduo da localidade pesquisada, um intermediário, que pode esclarecer o papel do pesquisador junto à comunidade, pois esse observador esta sempre sendo observado. Ressalta-se ainda que esse informante, poderá auxiliar, esclarecer e influir no trabalho de pesquisa.
     Observa a professora de Sociologia, que uma observação participante implica que o pesquisador deve fazer uso de todos seus sentidos; que é imprescindível manter sistematicamente um diário de campo; que pode aprender com seus erros: inerentes à pesquisa; que a coleta de informações não devem restringir-se a perguntas formais (que podem ser desnecessárias) ou informais, uma vez que muitas dúvidas poderão ser esclarecidas no decorrer do trabalho investigatório.
     Revela a pesquisadora que outros métodos poderiam ser incluídos como mandamentos para um trabalho investigativo em campo, sendo que esse tipo de empreitada não é algo simples, observado que o investigador não necessariamente venha à ser um especialista em ciências sociais, mas que exige do leigo: teoria, métodos, leituras e estudos de outras áreas do conhecimento humano.
     Segundo Licia Valladares, o autor não encara áreas pobres como particularmente um problema, no sentido de como se fossem espaços desorganizados, caóticos, mas que possuem sua própria estrutura, organização, por onde grupos constroem e destroem relações sociais.
     Concluindo, a pesquisadora esclarece que, nesse tipo de trabalho investigativo, o que permanece para o observante, são as relações de amizade pessoal na comunidade trabalhada, pois na pratica os resultados são pouco aproveitados. Destaca que este livro é importante para àqueles que pretendem lançar-se a esse feito, ou seja, numa investigação participativa.

Técnico e professor

     Valendo-me do trabalho da professora Licia Valladares, em Os dez mandamentos da observação participante, e do artigo estudado na disciplina Fundamentos da Educação Especial I, do presente Curso de Educação Especial: In/exclusão no currículo escolar: o que fazemos com os incluídos, de Eli Henn Fabris (2011)1, reflito sobre à problemática do papel do especialista e do professor da rede regular de ensino.
     Segundo FABRIS (2011): “O trabalho dos especialistas, …, é uma antiga e necessária demanda da área da educação....”, mas entende Eli Henn Fabris, que os professores já não podem justificar o discurso da “não-preparação”, para auxiliarem crianças com necessidades especiais.
    Referindo-nos, no sentido de que podem os professores engendrar-se no mundo da pesquisa participante, mesmo não sendo antropólogo ou sociólogo, assim como não sendo especialista na educação de crianças com necessidades especiais, com a intenção de incluir essas no sistema escolar regular.
     Retiramos dos trabalhos acadêmicos, acima elencados, que essas tarefas talvez possam ser cumpridas, se o educador pesquisar, ler, estudar e valer-se de metodologias de como realizar esses desafios junto às escolas, dessa maneira desfazendo a ideia da não preparação para atuar com crianças com necessidades especiais, assim como pode ser possível investigar situações de como incluir esses educandos na comunidade escolar, através da observação participante.

1http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/978

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