Segundo a autora, “Os mandamentos” tratam da prática de trabalho
de campo, importante para àqueles que pretendem fazer estudos
sociais qualitativos, em comunidades informais e/ou formais.
O livro: Sociedade de esquina: a estrutura de uma área urbana
pobre e degradada, obra sobre o qual a pesquisadora discorre, é
um estudo urbano de uma região da cidade de Boston, à época de
1930, cidade essa onde morava o autor Willian Foote Whyte, que aborda
a organização de grupos de pessoas em desorganização social.
Para realizar à obra, o autor muda-se para o bairro italiano que
nomeou de Cornerville, quando
percebe que é necessário também contar com um mediador, indivíduo
que poderá lhe garantir acesso à comunidade que pretende estudar,
ação essa que pode tornar-se necessária, visto acontecimentos com
integrantes do bairro, pois esse intermediário poderá protegê-lo
contra situações imprevisíveis.
Licia Valladares, professora de
Sociologia da Universidade de Lille 1 (França), chega a compreensão,
sobre o que seriam: Os dez mandamentos da observação participante,
da obra Sociedade de esquina: a estrutura social de uma
área urbana pobre e degradada, que
tentamos dissertar à seguir.
A pesquisadora compreende da
leitura, que a observação participante, é um processo longo, e
para entender o comportamento de grupos ou pessoas, pode ser
necessário fazer uma exploração anterior do ambiente, pois a
estrutura social de poder do território é desconhecida, podendo
ser necessário meses para que o pesquisador entre na área, onde
pretende desenvolver seu trabalho.
Esse tipo de observação, depende da interação do investigador da
pesquisa social, qualitativa, com o e/ou membros da comunidade, mas
seu comportamento não deverá ter o intuito de tentar portar-se
como membro oriundo daquele espaço social, atitude essa que poderá
gerar desconfianças; pois indivíduos daquela área, desconhecem sua
imagem junto ao grupo pesquisado. Os pesquisados devem saber das
intenções do pesquisador, pois segundo a leitura feita pela
professora Licia Valladares, o pesquisador não deve enganar os
outros, visto perceberem que esse é um indivíduo diferente naquele
ambiente.
Para essa empreitada, como já comentamos anteriormente, o
pesquisador não deve carecer de um indivíduo da localidade
pesquisada, um intermediário, que pode esclarecer o papel do
pesquisador junto à comunidade, pois esse observador esta sempre
sendo observado. Ressalta-se ainda que esse informante, poderá
auxiliar, esclarecer e influir no trabalho de pesquisa.
Observa a professora de Sociologia, que uma observação
participante implica que o pesquisador deve fazer uso de todos seus
sentidos; que é imprescindível manter sistematicamente um diário
de campo; que pode aprender com seus erros: inerentes à pesquisa;
que a coleta de informações não devem restringir-se a perguntas
formais (que podem ser desnecessárias) ou informais, uma vez que
muitas dúvidas poderão ser esclarecidas no decorrer do trabalho
investigatório.
Revela a pesquisadora que outros métodos poderiam ser incluídos
como mandamentos para um trabalho investigativo em campo, sendo que
esse tipo de empreitada não é algo simples, observado que o
investigador não necessariamente venha à ser um especialista em
ciências sociais, mas que exige do leigo: teoria, métodos, leituras
e estudos de outras áreas do conhecimento humano.
Segundo Licia Valladares, o autor não encara áreas pobres como
particularmente um problema, no sentido de como se fossem espaços
desorganizados, caóticos, mas que possuem sua própria estrutura,
organização, por onde grupos constroem e destroem relações
sociais.
Concluindo, a pesquisadora esclarece que, nesse tipo de trabalho
investigativo, o que permanece para o observante, são as relações
de amizade pessoal na comunidade trabalhada, pois na pratica os
resultados são pouco aproveitados. Destaca que este livro é
importante para àqueles que pretendem lançar-se a esse feito, ou
seja, numa investigação participativa.
Técnico e professor
Valendo-me do trabalho da professora Licia Valladares,
em Os dez mandamentos da observação
participante, e do artigo estudado na
disciplina Fundamentos da Educação Especial I, do presente Curso de
Educação Especial: In/exclusão no currículo
escolar: o que fazemos com os incluídos, de
Eli Henn Fabris (2011)1,
reflito sobre à problemática do papel do especialista e do
professor da rede regular de ensino.
Segundo FABRIS (2011): “O
trabalho dos especialistas, …, é uma antiga e necessária demanda
da área da educação....”, mas entende
Eli Henn Fabris, que os professores já não podem justificar o
discurso da “não-preparação”, para auxiliarem crianças com
necessidades especiais.
Referindo-nos, no sentido de que podem os professores
engendrar-se no mundo da pesquisa participante, mesmo não sendo
antropólogo ou sociólogo, assim como não sendo especialista na
educação de crianças com necessidades especiais, com a intenção
de incluir essas no sistema escolar regular.
Retiramos dos trabalhos acadêmicos, acima elencados,
que essas tarefas talvez possam ser cumpridas, se o educador
pesquisar, ler, estudar e valer-se de metodologias de como realizar
esses desafios junto às escolas, dessa maneira desfazendo a ideia da
não preparação para atuar com crianças com necessidades
especiais, assim como pode ser possível investigar situações de
como incluir esses educandos na comunidade escolar, através da
observação participante.
1http://revistas.unisinos.br/index.php/educacao/article/view/978
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