quarta-feira, 2 de julho de 2014

O Óleo de Lorenzo

O óleo de Lorenzo

                                                                    ...é preciso manter os fortes, dizendo-lhes                                                                       que o bem é tudo o que fortalece o desejo                                                                       da vida e é mal tudo o que é contrário a                                                 esse desejo. Niestzsche (1844-1900)

     Essas palavras de Niestzsche, penso que reproduzem a situação por que passaram os pais de Lorenzo, conforme o filme: “O Óleo de Lorenzo”, produção norte americana de 1992, distribuído pela Universal Pictures e direção de George Miller, pois pela atitude desses (os fortes), e acima do determinismo científico, quanto ao diagnóstico do menino, que buscaram salvar o filho, ante a conclusão do médico, que dizia ser o diagnóstico conclusivo, isto é, como se esse fosse uma verdade inquestionável, absoluta, sobre a morte de Lorenzo Odone em no máximo dois anos, sendo que tal produção cinematográfica, ocorre em função de uma situação real, que nos remete ao debate entre, o mito da ciência que tudo resolve e sentencia; mas que trata-se somente de um discurso, (como no caso do filme), como observou-se na película cinematográfica, que valendo-se do senso comum (que também é importante para a filosofia, para desmitificar algumas ditas verdades), e/ou ao autodidatismo do pai de Lorenzo, que no caso penso, também não aceitou o prognóstico científico como se tudo estivesse acabado, pressupondo-se que também nessa situação, muito do senso comum esteja associado à atitude dos pais do jovem, mas que também não abandonaram à ciência, pois através do autodidatismo, conseguiram fazer com que a doença não progredisse, o que nos faz refletir, também sobre o método científico. 
     Mas essa problemática sobre medicina e cientificismo, que é uma crença infundada de que a ciência tudo conhece, começa segundo CHAUI: com os gregos quando transformam em ciência, aquilo que eram elementos de uma sabedoria prática para o uso direto na vida e transformaram em medicina, aquilo que eram práticas de grupos religiosos secretos para a cura misteriosa das doenças. Mas no curso histórico da filosofia, outra discussão importante, é quanto ao método científico, que tem raízes no empirismo (ou seja, que baseia-se na experiência, no sensível), que nesta situação, pode-se pensar que o médico, face sua experiência e pelos exames mecânicos/tecnológicos disponíveis, sentencia o jovem há poucos meses de vida, fato que não é aceito, frente a determinação dos Odone, que ao contrário de Descartes, que era...cético ante das possibilidades dos erros e ilusões dos sentidos humanos. sendo esse um dos motivos da criação do chamado método científico, que segundo o filme, assim agiu o douto, descartando possibilidades quanto à melhora do paciente, fato que não ocorreu, visto que o já então adulto, veio a falecer de uma broncopneumonia, contrariando assim uma visão cartesiana do médico ou da medicina, que racionaliza às doenças, como partes, separando o corpo humano, como se fosse uma máquina, em que, se uma das “engrenagens” atrofia-se ou adoece, todo o resto do organismo também se deteriora, visão essa que penso, ser desumanizante. 
     Mas tentando relacionar, estes fatos com a filosofia, viemos a pensar, que o médico e à ciência tem seus limites, no transcendentalismo de Kant, que procurava um caminho entre o racionalismo e o empirismo, quando questionava: Qual é o verdadeiro valor dos nossos conhecimentos e o que é conhecimento? seguindo essa problemática, e diante da doença de Lorenzo, também podemos questionar, qual o valor do conhecimento da ciência/do médico e qual o valor do conhecimento dos pais do jovem enfermo, pois na inovação de Kant, frente aos racionalistas e aos empiristas, estaria que a realidade não é um dado que o intelecto devia se conformar, mas ao contrário, que de certa forma participamos da construção dos fenômenos, ideia que podemos associar a perseverança daqueles que o filme em questão, trouxe a essa discussão. Diante da discussão sobre o filme, que mesmo transformado em uma obra cinematográfica, mas baseado em fato real, podemos questionar a validade do chamado método cientifico, visão empirista-indutivista de ciência, que continua ainda, sendo reproduzida, diariamente em nossa sociedade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ostermann, Fernanda: A física na formação de professores do ensino fundamental/Fernanda Ostermann e Marco Antonio Moreira. Porto Alegre: Ed. Universidade/UFRGS, 1999.(Coleção Educação Continuada.)


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